segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Primeira Crónica : Efeméride do Centenário da Primeira Guerra Mundial

- O "Cristo das Trincheiras" como ideal e fonte de inspiração para os combatentes portugueses.

"Há cem anos, o rugido dos canhões assombrou a Europa, como prelúdio de uma Guerra ainda maior. O assassinato do herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro foi a faísca que fez o barril de pólvora europeu estoirar. No entanto, as tensões nacionalistas já se vinham a desenvolver há pelo menos três décadas. (Qualquer semelhança com a actualidade não é pura coincidência).
Na imagem, podemos observar o famoso “Cristo das Trincheiras”, que ficou assim conhecido por estar numa zona da frente de Batalha (Flandres), na qual se encontravam estacionadas as forças portuguesas que participaram no conflito e por esta guerra ter ficado conhecido como a “guerra das trincheiras”. A Primeira Guerra Mundial foi principalmente uma guerra de posições, na qual os exércitos dos diversos países envolvidos se entrincheiraram em lamaçais repletos de dor, ratos, imundície, doenças, medo e cadáveres por enterrar devido à falta de tempo e ânimo. Assustados, aguardavam pela próxima descarga de artilharia pesada, sem saberem se seria a última. Sem saberem se aquele seria o último dia em que sentiriam medo, ou o ar a entrar nos pulmões.

No rosto do Cristo crucificado e estilhaçado, podemos ver o sofrimento, não só, mas também daqueles portugueses que foram enviados para sangrar numa guerra, como rebanho para um matadouro desconhecido. Nessa Guerra, os heróis românticos da cavalaria acabaram. A Tecnologia bélica desenvolveu-se tanto, que os obuses da artilharia e os gases químicos destruíram a coragem e qualquer esforço do ser humano de lhes fazer frente. O ser humano foi aniquilado pela invenção monstruosa, reduzindo-se a mero combustível que alimenta a máquina de guerra incontrolável, na máquina trituradora, até alguém dizer “basta”. Mas o “basta” demorou e, até lá, morreram mais de oito milhões de almas privadas precocemente de viverem a vida, porque alguém achou que há países que se devem impor a outros.

Respeitando todos os credos e confissões religiosas, não posso deixar de referir o seguinte:
Aquele Cristo é o rosto da esperança, a reencarnação do divino, perante o ser humano que não compreende o porquê de estar ali, o porquê de ter de sofrer o inferno na Terra. Aquele Cristo é companheiro de armas, ideal de sobrevivência e de resiliência face à incontrolável explosão do canhão. Aquele Cristo, contra as expectativas, não se partiu totalmente, nem se deixou quebrar, tal como o ideal humano de defesa da Paz.
Aquele Cristo ali não é uma estátua, é um ideal, é uma fonte de crença na vida e em algo maior, é o amigo sofredor, o amigo que sofre com aqueles homens. Aquele Cristo chora pelos homens e com os homens. Ele foi o motivo porque muitos chegaram a casa. Aquele Cristo não é uma religião, não é o Deus, é o Homem que desceu do divino para sofrer connosco. Aquele Cristo foi a força humana que deu força sobre-humana aos portugueses na Grande Guerra. Aquele Cristo braceja decepado, exortando ingloriamente os homens a atirarem as armas ao chão e abraçarem o irmão.
Os franceses no-lo doaram, em jeito de respeito pelo sacrifício no campo de batalha. Ainda hoje pode ser contemplado no Mosteiro da Batalha.

Espero brevemente ir visitar aquele Cristo à Batalha e pedir.
Pedir que nunca mais nenhuma guerra se abata sobre o mundo e pedir para que dê sempre força sobre-humana aos portugueses, para que aguentem tudo e combatam como há cem anos atrás, principalmente contra a humilhação e a falta de dignidade que lhes querem impor. Também lhe quero agradecer, por ter sido a inspiração que salvou muitos portugueses na Grande Guerra. Haja fé ou lá o que isso é."

André Coutinho




sábado, 22 de novembro de 2014

Amigos que já leram "Noite Negra":

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Muito obrigado.

https://www.goodreads.com/book/show/18629025-noite-negra

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

"A penumbra silenciosa inundava-nos com o seu segredo
de transgressão revitalizadora. As mãos caminhavam
como vagabundas nas dunas corporais, soltando pedaços de
tecido protetor. Inebriados pelo desejo e pela perdição da
razão explorávamos os recantos secretos da paixão. O toque
suave na pele, os mimos corajosos, os plácidos suspiros, a
respiração partilhada, dois corações a pulsarem, como gémeos,
ritmavam o compasso da harmonia de dois corpos
imperfeitos unidos na perfeição do desígnio universal."

In "Noite Negra", André Coutinho

(Imagem retirada de escritosss.blogspot.com)